Aprendizagem colaborativa: apresentação dos estudos e conceitos estruturantes

fevereiro 28, 2020 06:56

Com a definição das perspectivas teóricas e a apresentação do percurso metodológico descrito no texto anterior, neste post é proposta a explanação sobre os conceitos que levarão ao entendimento de aprendizagem colaborativa, bem como as ferramentas usadas com esta finalidade, a ser apresentado no terceiro texto da série sobre esta temática.

Conceitos adjacentes da aprendizagem colaborativa.

O percurso teórico para compreensão do conceito de aprendizagem colaborativa parte da ideia de aprendizagem na educação online e seus sinônimos, entre eles a aprendizagem colaborativa. Da revisão realizada, mereceu destaque uma pesquisa realizada no ano de 2013. A partir do modelo evolucionário, pautado numa proposta indutiva e descritiva, se fundamenta a partir de uma busca feita em bases de dados da Saúde, Enfermagem e Medicina, e através da qual foi possível perceber que, pelo compartilhamento de atributos essenciais, a ampla variedade de estratégias educativas mediadas por tecnologia são aproximadamente a mesma coisa, ainda que com nomes diferentes. Em outros termos, é por compartilharem da mesma natureza que estas diversas aprendizagens são tratadas como equivalentes. Ainda que todas sejam equalizáveis por responderem, de um jeito ou de outro, às mesmas demandas contemporâneas e partilharem dos mesmos condicionantes tecnológicos.

Contudo, mesmo que a aprendizagem colaborativa apareça amalgamada em seu sentido comum com outras estratégias, não é tão rara a polêmica da diferenciação entre aprendizagem colaborativa e cooperativa, questão sobre a qual o estudo também encontrou espaço de debate. A conceituação dos termos divide opiniões entre os autores usados. Enquanto alguns acreditam serem apenas sinônimos, outros crêem que em termos de metodologia de ensino-aprendizagem, pressupostos, definição de papéis e mesmo etimologia é necessário guardar diferenças. Assim, ambas abordagens (colaborativa e cooperativa) partilham fundamentos teóricos, além dos pressupostos de que aprender de um modo ativo é mais efetivo do que receber informação passivamente. Desde esta perspectiva, ensinar e aprender são experiências compartilhadas, através da qual a participação em atividades grupais ajuda no desenvolvimento de habilidades individuais para uso e construção do conhecimento. 

Por outro lado, o que outros autores defendem, em termos de diferenciação, diz respeito muito mais ao processo de interação. Enquanto a colaboração estaria ligada a uma filosofia interativa, a cooperação seria uma estrutura de interação criada para a realização de um objetivo fim. Em outras palavras, na abordagem cooperativa a estruturação interativa seria dada por parte do professor, ao passo que na colaborativa se espera que a definição de papéis seja feita de forma espontânea, horizontal e durante o processo. Mesmo assim, alguns autores afirmam que embora a aprendizagem cooperativa ponha foco no produto, ela também pode conter elementos da colaboração. Assim, a maior parte das definições de aprendizagem colaborativa coloca a interação entre aqueles que aprendem, como elemento fundamental. E leva a crer que importa menos a denominação da aprendizagem do que o fato de ela resguardar esse processo basilar – e, com isso, os efeitos esperados em termos de aprendizagem. 

A noção de interação no caso da colaboratividade se apoia, assim, na ideia de interatividade descrita por Pierre Lévy, enquanto a possibilidade dos indivíduos participarem ativamente, interferindo no processo com ações, reações, intervenções e se tornando receptores e emissores de mensagens que ganham, assim, plasticidade, por permitirem sua transformação imediata. Essa compreensão da interação aparece nas estratégias colaborativas apontadas em alguns estudos, como é o caso da gamificação, que consiste basicamente na utilização de elementos de jogos em contextos que não são de jogos; o uso da lógica de games em diferentes contextos sociais. Em educação, trata-se de usar, mais do que jogos, mas ações, dinâmicas e processos próprios da ludicidade característica dos jogos. Assim, defendem, os princípios da Aprendizagem Colaborativa Online devem ser levados em consideração no desenho dos ambientes virtuais, uma vez que estimulam a motivação, a retenção e o aprendizado. Além da gamificação estar também ligada ao monitoramento desse aprendizado.

As publicações encontradas e utilizadas como referência se referem aos temas da Educação a Distância e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e que estes poderiam se beneficiar da aprendizagem colaborativa. As TICs introduzem um novo sistema simbólico que reorganiza a visão de mundo de seus usuários, impondo outros modos de viver, pensar e agir. Elas modificam hábitos, e tem de ser consideradas na e para a Educação, e não como meros instrumentos. Deste modo, em conjunto com as TICs, os Ambientes Virtuais onde ocorrem a educação a distância, favorecem a autonomia e potencializam as atividades colaborativas.

Antes, contudo, de apresentar uma definição detalhada de Aprendizagem colaborativa, é preciso compreender a contribuição teórica de Vigotsky sobre o papel da mediação no processo de aprendizagem, que deu ênfase à mediação social. Bem como a abordagem sociohistórica que aparece com mais destaque em boa parte das contribuições teóricas sobre o tema. Acesse aqui o próximo texto sobre a aprendizagem colaborativa.

Este é um texto de divulgação científica que adota uma estética jornalística. Foi editado e produzido por Juliana Vargas com o objetivo de divulgar uma pesquisa acadêmica realizada por Argus Tenorio Pinto de Oliveira, orientado por Francini Lube Guizardi, no âmbito do Projeto Avaliação e prospecção de tecnologias web para a Educação Permanente em Saúde.


Mar Aberto fevereiro 28, 2020 06:56




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