abril 22, 2020 10:47
Rute Nogueira de Morais Bicalho
Podemos afirmar que o blended learning é uma Tecnologia Educacional a favor das Novas Ecologias de Aprendizagem, pois mescla atividades mediada por tecnologias digitais com atividades presenciais e vice-e-versa. Com o potencial de difusão das informações por meio das TIC, de ampliação do poder de alcance das práticas educacionais, com a flexibilização do tempo e espaço para a realização dos estudos, com os múltiplos usos de mídias e linguagens, há uma tendência de maior articulação entre as modalidades presencial e a distância, fazendo crescer modelos mesclados ou híbridos de ensino.
Segundo Moran (2015), o blended learning é uma metodologia que sempre existiu na educação, que sempre combinou espaços, tempos, atividades e públicos. O que difere atualmente é a integração das tecnologias, possibilitando ao híbrido tornar-se mais profundo, com múltiplas conectividades. Todavia, por vezes o termo é usado de forma ampla para se referir a todos os usos da tecnologia na educação, por outras, é usado de forma restrita para indicar apenas os tipos de aprendizagem que combinam o online e o presencial (BICALHO; MEDEIROS, 2018).
A despeito disso, híbrido significa “mistura de elementos para constituição de um elemento novo” (MILL, 2018, p. 319), sendo o ideal produzir a sensação de total integração, sem nos darmos conta das polaridades. Essa sensação é possível no cotidiano em diferentes espaços e momentos da vida à medida em que usamos os smartphones e tablets ou emergirmos no ciberespaço como parte de uma ação presencial marcada, ou seja, é estarmos dentro ao mesmo tempo em que estamos fora.
Essa sensação implica em ordem perceptiva que altera nosso modo de ser e estar no mundo, modificando a quantidade e a qualidade das interações. Dada a característica do ciberespaço de integração de mídias, somada a nossa percepção e poder de existir, intervir em diferentes sítios virtuais e aprender de forma ubíqua fez o autor Jenkins (2009) cunhar o termo “convergência”. Contudo, convergir não é simplesmente juntar e integrar mídias, não é um fenômeno midiático ou tecnológico. O autor está falando de uma dimensão sociocultural do uso das tecnologias emergente da inteligência coletiva e da cultura participativa.
Para Jenkins (2009) a convergência representa “o fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, a cooperação de múltiplos mercados midiáticos e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam”. A convergência, complementa o autor “ocorre dos cérebros de consumidores individuais e suas interações sociais com os outros” (JENKINS, 2009, p. 136).
“A convergência não é apenas um processo tecnológico que une múltiplas funções dentro dos mesmos aparelhos. É um processo de transformação cultural no qual é possível identificar novos graus de participação dos usuários, novas ligações com o conteúdo, novas orientações, novas leis de direitos autorais e novas formas de aferir a audiência” (Mill, 2018, p. 130).
Podemos observar que blended learning também faz uso da convergência para expandir os processos interativos e as formas de produção dos conhecimentos. Exemplo: um professor da modalidade presencial que deseja trabalhar um determinado tema com seus alunos. Então, ele opta por conduzir a turma separando-a em diferentes grupos. A cada grupo o professor apresenta um problema. A solução, segundo o professor, deve ser dada pelo grupo a partir de pesquisas realizadas na internet (online) durante a aula presencial. Ao realizar a pesquisa, os estudantes acessam comunidades, blogs e inclusive percebem lacunas na Wikipédia sobre o tema. O professor estimula o grupo a contribuir com a produção neste sítio de participação coletiva. Os estudantes produzem um texto e enviam à Wikipédia, sob orientação do professor. Esse texto logo é analisado e novamente modificado por outros membros da rede. A atividade segue com os estudantes presencialmente num mesmo tempo e espaço, mas dispersos virtualmente, contribuindo, deste modo, com o saber coletivo.
REFERÊNCIAS
BICALHO, R.N.M; MEDEIROS, J.C. o modelo híbrido de educação como estratégia para o processo de institucionalização da EaD. Revista Eixo, v. 7, n. 2, julho-dezembro, 2018. Disponível em: http://revistaeixo.ifb.edu.br/index.php/RevistaEixo/article/view/615
JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. – São Paulo: Aleph, 2009. p. 136
MILL. D. Dicionário Crítico de Educação e Tecnologias e Educação a Distância. Campinas, São Paulo: Papirus, 2018.
MORAN, J. Educação Híbrida. Um conceito chave para a educação, hoje. In: Bacich Lilian. Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na educação, p.27-53. Porto Alegre: Penso, 2015.
Mar Aberto abril 22, 2020 10:47