Resumo
Segundo a Política Nacional de Humanização, o acolhimento é uma diretriz ética/estética/política constitutiva dos modos de produzir saúde, ferramenta tecnológica de intervenção na qualificação da escuta, na construção de vínculos e na garantia do acesso. Trata-se de uma tecnologia do encontro, um regime de afetabilidade construído a cada encontro, uma construção de redes de conversações afirmadoras de relações de potência nos processos de produção de saúde. Compreendendo isso, durante as intervenções da equipe do Consultório na Rua nos territórios, em uma das incontáveis conversas pelas vias da cidade, o papo era diverso, de “Fusca Azul” a “Olimpíadas”, e foi fluindo aleatoriamente até o seguinte comentário: “Já assistiram o filme Invictus?”
Ao falar sobre o filme, o usuário se encanta e, diante do reconhecimento dessa potência, a equipe pergunta: “Que tal montarmos um Cineclube?”. E assim, o CINECLUBE POP RUA começa a ser construído entre equipe, usuários e estagiárias da Psicologia da UNESP. A ideia vai se materializando e, mesmo muito recente, vai tornando visível suas potências. O sentimento de não fazer por eles, mas com eles, vai ganhando forma e as responsabilidades vão podendo ser compartilhadas. O diálogo com o Ponto de Cultura Galpão Cultural para pactuar o uso compartilhado do espaço vai contribuindo para a construção de um sentimento de pertencimento e favorecendo a ocupação de novos espaços para as pessoas em situação de rua.
O próprio processo de escolha dos filmes vai evidenciando ao grupo, a importância de acolher as diversidades e considerar as necessidades singulares.