Resumo
Em 2019, a equipe do CAPS II de Assis estava atendendo uma usuária transexual que realizava hormonização por conta própria, devido à falta de suporte na rede pública local. Esse contato evidenciou a necessidade de articular um fluxo de acesso a um cuidado seguro e inclusivo para as populações trans, historicamente invisibilizadas, inclusive no SUS. A partir desse marco, iniciou-se um processo coletivo de articulação da Atenção à Saúde Integral das Populações LGBTTQIAPN+, com a participação da gestão, trabalhadores, universidades e sociedade civil. Em articulação com o GIPA e a Assistência Farmacêutica, foi viabilizado o acesso à hormonização com recursos próprios, sem grande impacto no orçamento municipal.
A publicação da Portaria 2405, no ano seguinte, fortaleceu essa iniciativa ao estabelecer a saúde das populações específicas como prioridade. Campanhas de enfrentamento à LGBTTQIAPN+fobia e de celebração do orgulho LGBTTQIAPN+ foram realizadas, contribuindo para a visibilização dessas populações e de suas demandas. Em parceria com universidades e coletivos, a Secretaria de Saúde organizou formações para a qualificação dos profissionais da Rede de Atenção à Saúde. A descentralização do acesso à hormonização na Atenção Básica e a oferta do Grupo de Acolhimento de Pessoas Trans consolidaram-se como conquistas significativas.
Esse grupo identitário culminou na articulação da REDE TRANS, coletivo que promove tanto ações de visibilidade e de geração de renda, como de formação e de participação popular, contribuindo efetivamente para o direcionamento das políticas públicas voltadas para as populações LGBTTQIAPN+ no município.