Resumo
Pessoas em situação de rua enfrentam desafios que vão além da falta de moradia, especialmente mulheres, que frequentemente carregam históricos de abusos e violências, intensificando sua vulnerabilidade. Em resposta a essas necessidades, a rede de saúde de Jundiaí implementou o uso do implante contraceptivo de etonogestrel, ampliando o planejamento familiar disponível para mulheres e homens trans nessa condição. Essa iniciativa integra o trabalho da equipe do Consultório na Rua, que busca atender à saúde reprodutiva de populações marginalizadas, garantindo-lhes um método seguro e eficaz de longa duração, que supera a laqueadura em segurança e vigora por três anos.
Inicialmente, houve desconfiança entre as(os) usuárias(os), mas a construção de vínculos, acolhimento humanizado e escuta qualificada foram essenciais para fortalecer a confiança no procedimento, resultando na adesão e no entusiasmo de muitas pessoas que passaram a atuar como agentes de divulgação do método. Em cinco meses, nove mulheres foram beneficiadas. A gravidez em situação de rua, por sua vez, expõe falhas estruturais nos sistemas sociais e de saúde, evidenciando a urgência do acesso a métodos contraceptivos duradouros.
Ao oferecer maior autonomia, liberdade e possibilidades de escolha, o implante contraceptivo não só protege contra a gravidez indesejada, mas também promove o reconhecimento das mulheres e pessoas trans como sujeitos de direitos, fortalecendo sua dignidade e segurança e ampliando o cuidado integral oferecido pela rede de saúde de Jundiaí.