Resumo
O carnaval é considerado uma das maiores festas populares do mundo e, como em todo contexto de celebração popular, as substâncias psicoativas ocupam um papel importante no prazer e divertimento dos foliões. Mas e se esta festa, tão especial para os brasileiros, pudesse ser, também, uma forma de cuidado às pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas?
A partir deste questionamento e da observação do território da cidade de Jundiaí (SP) nos períodos de festas foi criado o “Bloco Batuque Beleza”, construído de forma coletiva a partir de encontros entre os trabalhadores e usuários do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III (CAPS AD) Maluco Beleza. Em um centro cultural no bairro central ocorreram oficinas para a produção de fantasias, adereços e ensaio da bateria.
Ao longo do processo, foi possível a criação de um espaço diverso de acolhimento à expressão artística, convivência e corresponsabilidade coletiva, sendo fortalecidas relações de amizade, pertencimento social, cultural, além da criação de um novo sentido à festa e ao uso prejudicial de substâncias. Inicialmente voltado ao público do CAPS, em seu desfile final, o bloco contava com a presença de usuários, trabalhadores e famílias de outros CAPS, Unidades de Acolhimento, Unidades Básicas de Saúde, Ambulatório de Moléstias Infecciosas e outras pessoas da comunidade, se tornando destaque no jornal. Além disso, foi feita uma tenda de redução de danos no local. Sentimos no som do repique, do pandeiro e do tamborim que a redução de danos tem lugar no Carnaval!