Resumo
Anteriormente o adolescente era compreendido como pessoa inacabada, o qual necessitava de intervenções unidirecionais por parte do Estado. Em 1990, com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, foi reconhecido como sujeito de direitos e, com o advento da Reforma Psiquiátrica ganhou voz sobre a gestão do seu cuidado em saúde mental, devendo construir conjuntamente propostas para o seu Projeto Terapêutico Singular.
No Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, o dispositivo “Assembleia” é um recurso voltado ao protagonismo, à participação social do usuário e à democratização do cuidado. Neste contexto, sete adolescentes deliberaram sobre o desejo de conhecer pela primeira vez a praia de Santos, SP.
Com o auxílio de quatro profissionais da equipe multiprofissional, os usuários elaboraram as etapas para a realização deste passeio. Ao chegar em Santos, eles puderam desfrutar de uma visita ao aquário e em seguida conheceram a praia. Cabe ressaltar que esses jovens não apresentavam vínculos de amizade entre si e cerca da metade deles apresentavam dificuldades de socialização. Porém, foi percebido que desenvolveram vínculos afetivos, sendo que um deles auxiliou um dos companheiros de viagem, com dificuldades de locomoção, a caminhar pela orla da praia. Neste processo, os adolescentes apresentaram-se como agentes principais do seu próprio cuidado, pois identificaram suas necessidades e propuseram intervenções efetivas.
Esta experiência nos confirma que o profissional de saúde mental deve estar aberto a possibilitar que o adolescente transforme o seu Cuidado em Saúde, de modo a se tornar agente ativo e corresponsável em seu processo terapêutico.
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