Resumo
Apresentamos um trabalho em rede de desinstitucionalização muito desafiador e exitosos sobre um morador de uma residência terapêutica da região Lapa/Pinheiros, que foi um dos últimos a deixar o hospital, após 15 anos de institucionalização, pelo histórico de agressividade. Nos últimos quatro anos, foram necessárias inúmeras reuniões de rede, incluindo dois CAPS do território, UBS, além de outros atores, como AT e educador físico em longas discussões sobre a questão da violência física como forma de lidar com frustrações, mudanças de rotina, desconfortos físicos e emocionais, entre outros.
A maior dificuldade se dava no manejo, na construção de projetos, na circulação pela cidade, no exercício pleno da cidadania. Foi a partir de um suporte intensivo, persistente e constante dos profissionais da rede, tanto em momentos de crise como no cotidiano, dentro e fora do SRT, a partir de investimento em vínculos e afetos e objetivos do PTS que as transformações foram se dando. Hoje o morador consegue lidar muito melhor com suas emoções, são raros os momentos de agitação e agressividade, está apropriado de seu lugar na RT, circula pela cidade, anda de ônibus, vai ao cinema, faz atividade física, vai às compras e tantas outras coisas das quais foi privado grande parte de sua vida.
Isso só tem sido possível por conta desse trabalho em rede, que se propõe a garantir o cuidado em liberdade na sua essência para que barreiras sejam rompidas e potências sejam mais relevantes que limites fora de todos os muros, concretos e simbólicos.
