Resumo
Apresentamos a experiência de manejo e cuidado de MM, mulher , 43 anos em situação de rua, esquizofrênica e usuária de crack. Encontrava-se em tratamento irregular no CAPS AD III desde janeiro de 2023. O caso ilustra os desafios e avanços na adesão ao tratamento em saúde mental decorrente do uso de substâncias,em contextos de vulnerabilidade social. Desde o início do acompanhamento, MM mostrava-se pouco disponível ao tratamento e aos serviços de acolhimento. Apesar de tentativas de inclusão no SAPRU, acolhimento noturno em CAPS AD III e UAA, e orientações no hospital, ela demonstrava dificuldades em aceitar os cuidados oferecidos.
Nos períodos de crise, procurava atendimento emergencial apenas no Centro POP e UPA, limitando a continuidade do tratamento. Para sensibilizar a adesão ao tratamento, foram realizadas reuniões com a rede de saúde para discutir estratégias de aproximação. MM relatou interesse por música e gosto por canto, permitindo à equipe nova abordagem. Na última crise, MM foi incentivada a ouvir músicas de sua escolha no momento da aplicação da medicação injetável, no CAPS AD. Recurso, acompanhado por profissionais, que contribuiu para reduzir a ansiedade e o desconforto no procedimento. Ela aceitou a medicação e o acolhimento no SAPRU. A experiência destaca a importância do cuidado humanizado e da compreensão dos interesses individuais para promover a adesão ao tratamento às pessoas com transtornos mentais graves e dependência química.
A utilização da música como elemento terapêutico foi determinante para iniciar a construção de vínculo, promovendo, assim, uma perspectiva de cuidado mais humanizada e efetiva.