Resumo
Os transtornos alimentares representaram uma das mais desafiadoras realidades no campo da saúde mental, sendo o grupo de transtornos mentais com maior mortalidade, em grande parte devido ao suicídio. Diante dessa complexidade e da recorrente presença desses casos no CAPS Infantojuvenil de Santana de Parnaíba, identificou-se uma lacuna na abordagem nutricional desses pacientes. A equipe multiprofissional percebeu a necessidade de integrar o cuidado nutricional ampliado ao tratamento já oferecido, trazendo um olhar mais completo e humanizado sobre a relação entre alimentação e saúde mental.
Com base em evidências recentes e amparada pelo último manual de padronização internacional do Conselho Federal de Nutricionistas, que incluiu o diagnóstico comportamental à prática nutricional, a equipe incorporou o aconselhamento nutricional ao atendimento desses pacientes. Essa abordagem ia além da orientação alimentar convencional, focando em uma compreensão mais profunda das crenças, atitudes e comportamentos alimentares, promovendo mudanças sustentáveis e saudáveis, sempre considerando o contexto biopsicossociocultural de cada paciente. A articulação entre nutricionista e psicólogo no CAPS Infantojuvenil foi fundamental para um cuidado integrado, unindo as dimensões emocional e alimentar dos pacientes com transtornos alimentares.
Essa parceria, complementada pela colaboração com o psiquiatra, resultou em maior adesão aos atendimentos nutricionais e melhoras no comportamento alimentar. Embora a experiência tenha sido encerrada em novembro de 2024, ela reforçou a importância da abordagem interdisciplinar e do papel crucial do nutricionista na saúde mental, demonstrando o potencial de intervenções colaborativas para reduzir o sofrimento e promover o bem-estar dos pacientes.