Resumo
A frágil implementação de políticas de saúde mental infantojuvenil no Brasil contrasta com a exponencial demanda de sofrimentos psíquicos e transtornos mentais apresentada por crianças e adolescentes e as consequências vividas por tais sujeitos nas esferas individuais e coletivas. Em municípios de pequeno porte populacional, depara-se com a ausência de serviços de saúde mental exclusivamente dirigidos para tal faixa etária, devendo ser potencializados outros recursos da Rede de Atenção Psicossocial. Neste intuito, este trabalho objetiva apresentar a experiência desenvolvida a partir do CAPS I Conviver, no município de Pacoti/CE, que tem buscado realizar estratégias de cuidado em saúde mental amplas e diversas, voltadas ao acompanhamento de crianças, adolescentes e familiares.
Busca-se a assistência contínua aos usuários neurodivergentes, bem como suas famílias, com intervenções multi e interprofissionais, promoção de ações para interação e socialização, além de fomento à participação social. Destaca-se o trabalho em conjunto com serviços da Educação, Assistência Social e Cultura, como os encontros formativos, construção de projetos terapêuticos, implementação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, caminhada de conscientização, práticas corporais e utilização de linguagens artísticas com o referido público. Salienta-se também o acompanhamento interprofissional e intersetorial de adolescentes em intenso sofrimento psíquico, comumente com comportamentos suicidas.
Para tanto, propõe-se analisar e intervir diante dessas demandas crescentes, de modo a articular a RAPS, para a garantia da assistência em saúde mental territorial, fortalecimento de políticas públicas, promoção de espaços de convivência, educação e garantia de direitos a esse público.