Resumo
O uso de álcool e outras drogas carrega em si várias concepções sociais e de gênero, que se presentificam nos contextos dos serviços de saúde voltados a esse campo. Enquanto, na Atenção Primária, são as mulheres cis que mais buscam cuidado, nas diversas realidades encontradas nos CAPS AD ainda existe maior prevalência de homens cisgênero e menor participação de mulheres cis e trans. Mulheres encontram diversas barreiras para acessar esses serviços e, quando estão dentro dos mesmos, vêem, muitas vezes, a masculinidade tóxica se expressar nas relações entre usuários/as e trabalhadores/as, de forma que não se sentem à vontade para prosseguir no seu processo de cuidado. Para as mulheres trans, aparece ainda a transfobia como mais uma camada de opressão, fazendo com que elas não permaneçam no serviço ou que tenham dificuldade em sustentar a sua identidade de gênero.
Com o intuito de ampliar o acesso às mulheres no CAPS AD III Partenon-Lomba do Pinheiro/AESC, em Porto Alegre/RS, fortalecemos a articulação no território com outros espaços não estatais, como a Cozinha Comunitária Maria da Glória, localizada no Morro da Cruz. Assim, temos realizado encontros semanais com mulheres cis e trans na própria Cozinha Comunitária, onde elas participam das atividades da cozinha, com rodas de conversas e outras atividades, sendo uma forma de ampliação de cuidado no território para além das paredes institucionais do CAPS. Assim, tem-se conseguido ampliar o acesso das mulheres no CAPS, a partir de um cuidado compartilhado em rede, tendo como diretriz a redução de danos.
