Resumo
Em outubro de 2022, comecei a atuar como psicólogo no CAPS Dra. Cristina Ribeiro, em Murici, e conheci Davi (nome fictício), um jovem de 24 anos que se comunicava por meio de poemas, refletindo sobre sua vida e sua luta com a esquizofrenia. Utilizamos seus escritos para orientar o processo terapêutico. A prática terapêutica no CAPS segue as diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que prioriza o cuidado em liberdade. O modelo de atenção psicossocial defendido pela RAPS busca não apenas tratar os sintomas do transtorno mental, mas também promover a cidadania e a autonomia do usuário, mantendo-o em seu território. O cuidado em liberdade visa que as pessoas com sofrimento mental possam viver de forma digna e sempre respeitando o ritmo e as escolhas dos usuários em seu processo de recuperação. O acompanhamento no CAPS, baseado no respeito à sua autonomia e à utilização da expressão artística como recurso terapêutico, permitiu que Davi se sentisse mais livre para explorar suas emoções e pensamentos. Este processo ilustra como o trabalho no CAPS envolve desafios diários para a equipe, que, mesmo com as limitações, se empenha para oferecer um atendimento qualificado e acolhedor. A construção de vínculos e a busca por estratégias criativas para lidar com a complexidade dos casos tornam o cotidiano desafiador, mas também profundamente enriquecedor para todos os envolvidos. A escuta ativa, a valorização da voz dos usuários e a construção de projetos terapêuticos que respeitam as subjetividades são aspectos centrais do trabalho da equipe.