Resumo
Logo no início a residência em Saúde Mental se demonstrou diferente de tudo que eu havia vivenciado como farmacêutica. Mesmo sem grandes expectativas, não imaginava passar pelas diversas experiências desafiadoras que surgiram no Centro de Atenção Psicossocial II. Entre março/2024 e outubro/2024, trabalhamos com pacientes com transtornos graves e persistentes. Logo ficou evidente que não haveria aula suficiente que nos preparasse para o que é vivenciado nesse ambiente. O grande aprendizado deste ciclo foi: “Nunca estaremos 100% preparados para atender pessoas que vivem com algum transtorno psiquiátrico.” Por outro lado, ofertar um atendimento de qualidade alicerçado numa perspectiva multidimensional com apoio técnico de uma equipe multiprofissional qualificada viabiliza a oferta de cuidado integral e dignidade aos usuários dos serviços destinados às pessoas em sofrimento psíquico ou que vivem com algum transtorno mental.
Como farmacêutica, inicialmente meu foco esteve voltado apenas para as terapias medicamentosas, que inclusive são o principal tratamento oferecido. Observou-se que em decorrência da gravidade dos sintomas é comum a ocorrência da polifarmácia. Nesta seara, foi observado por meio de relatos de usuários e profissionais que o uso de múltiplos medicamentos, especialmente nos usuários mais antigos, tem provocado algumas consequências físicas como inchaços e irritação gástrica. Diante deste cenário, fica evidente que o farmacêutico desempenha um papel fundamental no serviço, sobretudo no que tange a relação do usuário com o medicamento. Este profissional pode, por exemplo, explicar sobre posologia, processo de adaptação e também, junto ao médico, avaliar a necessidade de outras prescrições, caracterizada como farmácia clínica.
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