Resumo
Quando comecei a trabalhar no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II, em março de 2024, percebi que cada história contada tinha um peso. E, entre tantas histórias, a de uma mulher trans me marcou profundamente. Desde o início, quando tive a oportunidade de acompanhá-la nas atividades desenvolvidas no serviço, percebi que carregava traumas decorrentes da rejeição familiar, discriminação e violência, os quais afetaram profundamente sua autoestima e saúde mental. Ela compartilhou momentos dolorosos de sua vida, como situações de agressões e exclusão social que a levaram a um estado depressivo.
Em nossas conversas percebi como a falta de aceitação e a discriminação prejudicaram seu processo de auto aceitação. Os episódios de violência vivenciados eram mais do que histórias, eram marcas profundas em sua alma. As tentativas de suicídio eram a expressão de sua dor, um grito silencioso por ajuda que muitas vezes não era ouvido.
Assim, ficou claro que o suporte psicológico individualizado e grupal era fundamental. Criar um espaço seguro onde ela pudesse falar sobre suas experiências, identidade de gênero sem julgamentos, foi um passo crucial. Juntos, reconstruímos sua confiança, demostrando que apesar das dificuldades, ela merece ser ouvida e respeitada. Então, integrar a equipe multidisciplinar para promover ações que favorecessem a inclusão e a valorização de sua identidade foi essencial. O acompanhamento contínuo, atividades de conscientização sobre diversidade, respeito, assim como a construção de redes de apoio é imprescindível para que ela possa encontrar novos significados, fortalecer sua identidade de gênero e reduzir o risco de suicídio.