Resumo
Dados publicados pelo Ministério da Saúde demonstram que o índice de suicídio entre jovens negros é 45% maior em relação aos brancos. Por vez, dados publicados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais sinalizam que 42% da população T já tentou suicídio. No caso das pessoas com deficiência, estudos apontam que é um grupo que tende a sofrer cinco vezes mais com angústia do que as pessoas sem deficiência. Deste modo, a política de saúde mental não pode ser analisada sem levar em consideração os marcadores sociais da diferença. Tais dados demonstram o quanto as opressões de raça, gênero, classe, sexualidade, deficiência, não só atravessam a vida de pessoas que acessam a política de saúde mental, como também contribuem para o aprofundamento das diferenças no acesso e uso dos serviços.
O debate sobre os marcadores sociais da diferença é necessário para que os trabalhadores do SUS possam pensar em estratégias de enfrentamento a problemática supracitada. Deste modo, a pesquisa censo psicossocial dos usuários do estado do Rio de Janeiro desenvolveu a sua primeira fase em 2024. Foram ministradas 17 oficinas de sensibilização sobre esta temática nas 9 regiões de saúde do estado do Rio de Janeiro, para cerca de 500 trabalhadores da RAPS do estado. A pesquisa tem como objetivo geral identificar o perfil e os atravessamentos interseccionais que impactam a saúde mental de usuários da RAPS do Estado do Rio de Janeiro.