Resumo
A realização das Assembleias Gerais partiu da necessidade da construção de um espaço coletivo e democrático. A iniciativa surgiu a partir das demandas dos trabalhadores, do gestor, dos usuários e familiares do dispositivo. As Assembleias ocorrem quinzenalmente e são discutidas questões que impedem e/ou dificultam o cuidado do sujeito com transtorno mental, identificam-se as principais demandas e apresentam-se propostas. A condução das reuniões é realizada pelos próprios usuários e/ou familiares e os trabalhadores permanecem como apoiadores onde, muitas vezes, se ocupam dos registros no livro ata. Nessas reuniões a participação dos usuários sempre é incentivada e, dessa forma, há a promoção ao protagonismo dos sujeitos porque participar também é uma forma de cuidado. Esse espaço de exercício da cidadania objetiva que todos os envolvidos reconheçam esse lugar de reivindicações, de fala e de transformação da realidade, como próprio.
Dessa forma, é um espaço de mobilização política que possibilita que todos esses atores saiam da invisibilidade perversa e se faça ouvir nas suas necessidades muitas vezes provenientes da questão social. Em uma das reuniões, a Assembleia Geral deliberou pela formação de uma Comissão Organizadora, responsável pela formulação de documentos a serem votados nas reuniões. A comissão é formada por dois trabalhadores, dois usuários do serviço e um familiar. A Assembleia contribuiu para alteração da Ficha de Acolhimento que passou a incluir os quesitos raça/cor, religião e gênero. O respeito à diversidade e às formas de arranjos familiares é incentivado sempre reconhecendo que esses arranjos vão além dos vínculos de parentesco.