Resumo
Há 11 anos, a partir da Portaria 122/2011/MS, foi implantada a equipe do Consultório na Rua (eCR) em Suzano/SP, com o compromisso de ampliar o cuidado em saúde para pessoas em situação de rua (PSR). Falar de PSR é falar em invisibilidade, discriminação, moralismo, mesmo em serviços públicos. Aporofobia, o objetivo do trabalho da eCR é produção de cidadania, de cuidado, para uma população invisibilizada. É uma equipe de saúde integral, que se dá também nos territórios, construindo vínculos e construindo processos de cuidados a partir da rua, mas não só nesta.
Há vivências e aprendizagens entre os mais de 12 mil atendimentos realizados entre os anos de 2016 e 2023: Há beleza em ouvir histórias das pessoas; às vezes, há discriminação com a eCR, julgando o trabalho como inferior; no meio de embates, alguns atendimentos se perdem. O mais difícil no trabalho é fazer valer as políticas públicas; Ações em parcerias tem maior potência; Falas educativas sobre direitos é dever do lugar de profissionais que trabalham pela dignidade das PSR; É necessário um movimento macro para dar visibilidade aos problemas enfrentados diante da pobreza; Há pouco espaço de reinvindicação para as PSR; A condição de miséria é produto da máquina social em que estamos inseridos. São muitas as expressões de discriminações do público em geral e, na vivência com PSR, com os vínculos que se formam, é impossível não se mobilizar.
Devemos nos questionar sobre ações e concepções: Quais nossos preconceitos? Quais julgamentos fazemos? Temos crenças estigmatizadas? Provavelmente sim.