Resumo
O cuidado em liberdade desenvolvido nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) encontra no Acompanhamento Terapêutico (AT) um potente dispositivo para a desinstitucionalização e a ampliação da circulação das pessoas pelo tecido urbano. O AT permite ocupAÇÕES de espaços de uso coletivo, o exercício do direito à cidade e a ampliação do poder de contratualidade de usuários/as. No CAPS Maria Boneca, em Uberaba-MG, desde 2019 ele é desenvolvido de modo grupal e envolve usuários/as, acompanhante terapêutica e alunos/as de graduação integrantes do Programa de Extensão Territórios de Vida. Praças, ruas, universidade, shopping, cafeterias, mercado municipal, exposições culturais e eventos locais são ocupados pelo coletivo. A produção fotográfica pelos/as alunos/as e usuários/as constitui rico acervo das sessões de AT e é compartilhada nas mostras “(outros) Olhares”, realizadas no CAPS e na universidade.
Cada pessoa encontra seu ritmo e traz para o coletivo sua singularidade. A pactuação dos trajetos e dos itinerários amplia o diálogo entre os/as participantes e permite a realização de desejos e objetivos como, por exemplo, comer pastel no mercadão, comprar queijo para que seja preparado pão de queijo na residência terapêutica, encontrar uma farmácia com balança para pesar-se. A experiência tem nos ensinado que relações horizontalizadas e vínculos entre todos/as os/as participantes ampliam a convivência e as trocas sociais. O AT amplia, também, a formação dos/as alunos/as e fomenta outras experimentações no tecido urbano, por vezes limitadas ao espaço universitário. Estima-se que nossa experiência estimule a prática do AT nos serviços da rede ampliando a apropriação da cidade.