Resumo
A Cia Atravessa a Porta, fundada em 2012, é um coletivo de arte e cuidado em saúde mental, formado por usuários do Caps II Dra Juliana Garcia Pacheco (Paranoá – DF), artistas e profissionais da clínica psicossocial no Distrito Federal. Seu nome origina-se do desejo de atravessar as portas dos manicômios e dos serviços abertos de saúde mental para a rua e para a cultura, levando produções artísticas para o mundo.
Originada de oficinas de teatro no referido Caps, a Cia ampliou suas linguagens, incluindo performance, cinema, vídeo-arte, artes visuais e dança. A busca é por sustentar uma experiência clínica e político-estética, contribuindo para espaços sociais para a loucura e a cultura antimanicomial, pautados na diversidade cultural e ocupados por pessoas que fazem tratamentos em saúde mental, em lugar de autoria. Para isso, o grupo utiliza métodos de criação coletiva, como o “roteiro-rabisco”, onde cada integrante contribui com o roteiro, a partir de suas próprias referências culturais, desejos e formas de ser.
Algumas inspirações são os trabalhos da psiquiatra Nise da Silveira e dos artistas Lygia Clark e Helio Oiticia, além das referências culturais dos participantes que participam do processo criativo. A Cia já realizou cerca de 30 trabalhos, incluindo peça de teatro, performances e filmes, e foi campo de pesquisas acadêmicas. Recentemente, promoveu e participou da mostra “Desalinhos e Costuras: Arte e Loucura” (2023) no Espaço Cultural Renato Russo, Brasília, com obras na exposição “Inventando Vôos”, estreia do longa “Os Capsianos”, performances e rodas de conversa.