Resumo
O espaço de convivência/ambiência deste serviço tem como perfil de usuários pré-adolescentes de 14 à 18 anos, com importante prejuízo de vida e/ou vulnerabilidade social atrelado a um contexto de importante sofrimento psicossocial, adolescentes que apresentam dificuldades de comunicação, socialização e expressão emocional, alguns usuários estão dentro do TEA. A partir da observação dos usuários nesse espaço, a linguagem musical começou a ser experimentada a partir de atividades lúdicas que envolviam no primeiro momento, uma prática corporal e coletiva, essas ações visavam atender a uma demanda do serviço em trabalhar atividades afro referenciadas, território preto e periférico.
O território da Brasilândia, possui uma população de aproximadamente de 264 mil habitantes, sendo 50,6% negros. As atividades são desenvolvidas a partir do encontro com os usuários, a partir da experimentação. Um dos desafios era pensar um trabalho de percussão sem necessariamente utilizar instrumentos musicais, e sim sensibilizar o corpo, a partir de exercícios individuais e coletivos. Esse primeiro momento é muito importante para experimentar possibilidades e a partir disso desenvolver um planejamento coerente para e com os usuários.
Quando pensamos em uma ambiência/convivência que aborda e cria espaços seguros de compartilhamento e ampliação de repertório de vida, bem como proporciona o encontro com o outrem, a arte tem papel fundamental na sensibilização e fortalecimento de vínculos. O letramento racial dos trabalhadores tem um importante papel neste contexto, alinhavando a subjetividade deste espaço com a construção crítica/clínica, com relação aos impactos de temáticas transversais como a racialidade no processo de escuta/cuidado.