Resumo
No Brasil, observa-se um preocupante aumento do preconceito em relação ao uso de drogas, acompanhado pela intensificação da judicialização e criminalização dos usuários. Essa postura punitivista reforça estigmas e marginaliza aqueles que necessitam de apoio e cuidado, ao invés de promover políticas inclusivas de saúde pública. A exclusão e a repressão intensificam o sofrimento dos usuários de drogas, agravando sua vulnerabilidade. O CAPS II de Araruama (RJ), atende pessoas em sofrimento psíquico grave, incluindo usuários de álcool e outras drogas, em sua maioria negros. Nesse contexto, o racismo é um fenômeno político que perpetua a discriminação e afeta diretamente as oportunidades de vida e o bem-estar dessa população marginalizada, gerando barreiras no acesso a cuidados de saúde mental adequados e deixando marcas profundas nos corpos e nas vidas dos usuários.
O CAPS adota uma abordagem territorial, buscando enfrentar os desafios do território e das relações ali estabelecidas. Dentro dessa proposta, o grupo de redução de danos é um espaço fundamental de apoio, onde os usuários podem compartilhar suas trajetórias sem o peso do julgamento social. A troca de experiências promove solidariedade, fortalece laços e facilita uma compreensão mútua das dificuldades enfrentadas. Esse ambiente de confiança é essencial para o desenvolvimento da autonomia dos usuários e para a construção de uma rede de apoio que acolha as complexidades de suas vivências. Ao criar um espaço mais acolhedor e livre de estigmas, o grupo de redução de danos contribui para o cuidado em liberdade, inclusão social e respeito à singularidade dos participantes.