Resumo
Em 2020 diversos municípios mineiros foram contemplados com financiamento para implantação da supervisão clínico-institucional em suas RAPS. Atuei entre 2021 e 2023 como supervisora em Elói Mendes/MG, cuja rede contava com CAPS I, Unidades Básicas de Saúde, atendimento de urgência/emergência e leitos de saúde mental em hospital geral de município vizinho. De início me deparei com uma cidade que privilegiava ainda ações com características higienistas, encaminhando crises e casos complexos a clínicas privadas, comunidades terapêuticas não regulamentadas e hospitais psiquiátricos, em alguns casos sem sequer passar por avaliação das equipes técnicas dos dispositivos de Saúde Mental – um campo profícuo para a supervisão!
Durante o período em que permaneci no município, alguns desafios surgiram, sendo o principal a grande rotatividade de profissionais na equipe do CAPS e na gestão, o que dificultava uma continuidade do processo de supervisão, que precisou ser reapresentado algumas vezes. Apesar dos entraves institucionais encontrados, posso concluir que a supervisão clínico-institucional foi um importante processo formativo aos participantes, já que motivou reflexões e mudanças nas práticas, passando a equipe CAPS a dialogar e atuar de forma mais segura e coesa em prol do cuidado dos usuários. Para estes últimos, alguns espaços coletivos foram implantados, como assembleia, grupos e oficinas terapêuticas. Como mais um importante fruto, tivemos a redução dos encaminhamentos para clínicas e hospitais psiquiátricos, passando a priorizar a atenção psicossocial nos serviços substitutivos da RAPS do município e nos leitos de saúde mental de referência, quando necessária a internação.
