Resumo
Os sistemas de saúde tradicionais se organizam de uma forma vertical (hierárquica), centralizada, com uma diferença de autoridade entre quem encaminha um caso e quem o recebe, havendo uma transferência de responsabilidade ao encaminhar. A comunicação entre os dois ou mais níveis hierárquicos ocorre, muitas vezes, de forma precária, normalmente através de informes escritos, como formulários de contrarreferência e pedidos de parecer que não são efetivos. O apoio matricial, ou matriciamento, surge como uma nova proposta integradora que visa transformar a lógica tradicional dos sistemas de saúde. Os efeitos burocráticos dos encaminhamentos, referências e contrarreferências, protocolos e centros de regulação são pouco dinâmicos e transformar essa lógica tradicional, implementando o matriciamento, pode ser uma aposta para atenuar as dificuldades da assistência em saúde.
Na situação específica do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) funcionam como equipes de referência interdisciplinares, atuando com uma responsabilidade sanitária que inclui o cuidado longitudinal, além do atendimento especializado que realizam concomitantemente, e a equipe de apoio matricial, neste caso, é a equipe de saúde mental. Para a efetivação do apoio matricial em Pará de Minas, os profissionais do CAPS II, CAPSi, CAPS ad e Unidades Básicas de Saúde se encontram semanalmente para construção do Projeto Terapêutico Singular e outros pontos que são fundamentais no roteiro do matriciamento. Além de profissionais da Saúde, contamos também com equipes da Assistência Social, Secretaria de Educação e Judiciário, que são convidados para as reuniões, quando necessário.