Resumo
A Unidade de Acolhimento (UA) emerge como uma alternativa inovadora frente às complexidades das demandas relacionadas à vulnerabilidade e sofrimentos atinentes ao uso prejudicial de substância. Está para o Eixo Morar da Reabilitação Psicossocial, onde os usuários são convidados não a estar, mas sim habitar, enquanto apropriação daquele espaço e aproveitamento das oportunidades cotidianas e afetivas da construção de uma nova “noção de casa”. Este trabalho teve por objetivo explorar as possíveis contribuições da Terapia Ocupacional na potencialização do cuidado produzido neste serviço.
Foi usado como método o Relato de Experiência, o qual permitiu o registro das experiências vivenciadas, na busca de contribuir para a produção de conhecimento que subsidiem as intervenções e futuras propostas de trabalho relacionados ao tema. A discussão foi realizada a partir da escolha de algumas cenas da prática na UA, seguindo de uma articulação teórico-reflexiva sobre as práticas Terapêuticas Ocupacionais no serviço. A Terapia Ocupacional, em construções processuais, traz, em seu fazer profissional, a produção de vida, enxergando as atividades humanas como territórios existenciais, permitindo o desenvolvimento dos diferentes modos de ser e estar no mundo.
Essa construção feita em um serviço residencial transitório contribuiu para que os usuários, durante e após a passagem pela UA e as ressignificações geradas durante o processo, pudessem conceber outros movimentos na rotina de uma casa coletiva, com o suporte para que essas concepções transbordem, saindo dali produzindo outras relações consigo, com a comunidade, sua rede de suporte, com as atividades significativas da sua vida e com o território.