Resumo
A partir do estabelecimento dos dispositivos assistenciais do Sistema Único de Saúde (SUS) , tem-se um inegável avanço na estruturação formal da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e do paradigma de cuidado em saúde mental. No entanto, ainda persiste o desafio de concretizar conceitos fundamentais, como gestão compartilhada, autonomia, protagonismo e direitos dos usuários. Esses conceitos são essenciais tanto para a Política Pública de Saúde Mental quanto para a Gestão Autônoma da Medicação (GAM) que se caracteriza pela construção coletiva/ individual de uma posição ativa dos usuários dos serviços de saúde mental frente às decisões do seu tratamento, o uso e compreensão sobre os psicofármacos e de um saber relativo ao próprio corpo. Tal estratégia se faz como fundamental, tendo em vista que a simples disponibilização de acesso a diferentes dispositivos de saúde mental não é suficiente para assegurar um cuidado psicossocial efetivo.
Trata-se aqui de compreender o manicômio como uma lógica que não se restringe a uma barreira física e institucional, isto é, a relação/articulação entre profissionais, usuários, familiares, comunidade e outros diversos pontos da rede podem ou não favorecer a promoção da autonomia e do cuidado integral em comunidade. Assim, o grupo GAM, realizado em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do norte de Minas, valorizou a experiência dos usuários como um saber legítimo- um conhecimento que diz respeito ao próprio tratamento psicofarmacológico. Essa abordagem incitou a decisão compartilhada, a autonomia e o protagonismo dos usuários. Fomentando espaços de construção coletiva que propiciam um saber fazer em rede.