Resumo
O texto retrata a trajetória de W, um paciente judiciário autor de ato violento, acreditando em seu crescente delírio persecutório, ter sido vítima de uma conspiração policial. Considerado inimputável pela perícia forense, foi internado em um hospital psiquiátrico. A partir da intervenção do Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário (PAI-PJ) em parceria com a RAPS, W tem a possibilidade de construir uma outra saída para o seu sofrimento, Após ser desinternado, W retorna à sua casa, enfrentando a rejeição da família e da comunidade, mas continua utilizando os recursos do PAI-PJ e da RAPS para lidar com suas dificuldades.
Ao longo do processo, W começa a perceber o valor da intervenção judicial, concedendo a ela um lugar em sua solução singular. A experiência de W ilustra como o sujeito psicótico pode, com o cuidado e acompanhamento adequados, criar alternativas simbólicas para lidar com sua angústia e reconstruir sua relação com o mundo. O relato aponta como o dispositivo jurídico pode vir a funcionar como operador clínico quando é tomado de forma particular na construção de um modo de subjetivação do ato fora-da-lei.