Resumo
O cuidado em saúde mental terá maior efetividade quando considerados os determinantes sociais de saúde, que impactam no processo saúde-adoecimento da população. Visualizando o déficit na formação em saúde/saúde mental acerca das relações raciais e de gênero, este trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência de educação permanente com os trabalhadores atuantes na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS): a formação Aquilomba SUS, realizada inicialmente em 02/2024. Tem como finalidade facilitar espaços de debate acerca dos processos de discriminação racial e de gênero na saúde mental, considerando o impacto de tais fenômenos, especialmente, na vida das mulheres negras.
Além de trazer conteúdos teóricos – como concepções de raça, racismo e gênero; política de saúde da população negra, importância da coleta do quesito raça/cor e identificação racial – propõe a discussão de casos fictícios alinhados às demandas do território e a construção prática de estratégias de enfrentamento às violências de gênero e de raça em contexto institucionalizado. Até o momento, sete encontros foram realizados com mais de 100 profissionais participantes, que indicaram a carência de abordar esses temas desde a graduação na área da saúde. Destaca-se a necessidade de que a sensibilização, assim como a formação, dos trabalhadores nesse contexto possa ocorrer de forma constante, crítica e dialogando com as demandas apresentadas pela população de seus territórios.
Desse modo, a educação permanente em saúde se coloca enquanto estratégia necessária para a discussão e o aprofundamento dessas questões, contribuindo para a potencialização da atenção à saúde mental das mulheres negras.