Resumo
Ao atendermos mulheres nos espaços de cuidado em saúde mental, notamos que por trás dos diagnósticos, escondem-se histórias de mulheres marcadas pela força e pela resiliência. Muito além do adoecimento, destacam-se suas histórias, marcas profundas de um sistema que insiste em silenciá-las, que mantém feridas abertas de uma violência que se repete em casa e nas ruas. Se aprofundarmos o olhar através das lentes que os processos grupais produzem, destacam-se também elementos como a empatia, o apoio mútuo, o encorajamento, a sororidade, a crítica criativa e propositiva, os sorrisos e choros, o engajamento, a busca por alternativas, que a mulher que fala talvez sozinha, não teria condições de enxergar.
O Grupo de Mulheres – Narrativas, nasceu da necessidade que identificamos junto às mulheres atendidas no CAPS III Adulto Sem Fronteiras – Jundiaí, cujas demandas não podem ser notadas, quiçá atendidas somente em salas fechadas e em atendimentos individualizados. As demandas referidas aqui, podem ser invisibilizadas pelo olhar dos profissionais que ao desviar das causas que sustentam boa parte delas, notam apenas os sintomas, colocando-os invariavelmente como origem e não como consequência. São encontros semanais, dentro do serviço CAPS. O primeiro deles ocorreu no início de 2024 e até o momento, foram realizadas aproximadamente 30 reuniões. O objetivo desse grupo, é: “À luz das relações de gênero, facilitar a construção de abordagens coletivas quanto a temas do cotidiano que interferem na saúde da mulher, na perspectiva do fortalecimento individual e coletivo”. Trata-se de um grupo aberto, que atende usuárias e familiares.