Resumo
Parte da população apresentou ou apresentará ao menos um episódio de transtorno mental; parte desses problemas podem ser solucionados pela Atenção Básica. A experiência relatada trata-se do resultado de pesquisa de mestrado profissional, uma pesquisa qualitativa em saúde (pesquisa-intervenção), realizada de 07/2017 a 11/2017. Teve como objetivo: promover discussões sobre manejo de casos em saúde mental com equipes de Saúde da Família de uma Unidade de Atenção Básica do município de Itapevi/SP. Nos grupos de reflexão iniciais, as colocações foram de natureza queixosa, com conteúdos de impotência e frustração; enfatizaram fragilidades do sistema e dos arranjos organizacionais, políticas de saúde incipientes e falhas nos processos de trabalho.
No grupo final surgiram elementos favoráveis à implantação de ação semelhante ao processo realizado, destacando-se como resultados: posicionamento mais ativo da equipe frente aos problemas do sistema e da rede de saúde, com soluções práticas e aplicáveis; mudanças das próprias percepções e valores em relação às pessoas com transtorno mental; aquisição de habilidades e maior disposição para melhores práticas em saúde mental, dado o reconhecimento dos trabalhadores de suas potencialidades e limitações pessoais, dos usuários e do trabalho em si.
São necessários incentivos e investimentos em espaços de reflexão nas unidades de saúde, principalmente quanto ao manejo dos cuidados em saúde mental e à mudança na percepção dos trabalhadores em relação às pessoas com transtorno mental, de modo a promover ações de saúde mental na Atenção Básica baseadas no acolhimento e resolutividade, articuladas com a atenção especializada.