Resumo
Cá estamos em Magé, o segundo município mais antigo do estado do Rio de Janeiro e, como em qualquer outro canto desse Brasil, temos a íntima vivência com as expressões da colonização em nosso cotidiano. A experiência aqui compartilhada parte de nossa atuação técnica da psicologia no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), o CAPS II Lídia Menezes em que, inegavelmente nos encontramos com uma maioria de povos afropindorâmicos (SANTOS, 2019). Por isso, afirmamos o nosso compromisso ético-político e ancestral (SILVA, 2019, p.22) no serviço como aquele que se faz por nós e com nós em nosso cotidiano da prática, em prol do bem viver (KRENAK, 2020, p.9) de pessoas, coletividades e de todas as nossas comunidades.
Assim, além de criarmos o grupo no CAPS, o qual intitula a nossa experiência nesse texto, acreditamos também que os nossos encontros, ao também considerarmos os individualizados, se dão pelas cosmologias desses povos. Nesse sentido, temos nos implicado com os objetivos, em nossa prática profissional, de produzir intervenções em saúde mental a partir de saberes-fazeres afropindorâmicos e suas cosmologias. Bem como agir-refletir a partir de valores civilizatórios afropindorâmicos, como a circularidade, a religiosidade, a corporeidade, a musicalidade, o cooperativismo/comunitarismo, a memória, a ludicidade, a energia vital (Axé), a oralidade e a própria ancestralidade (PEREIRA, 2019). Nossos encontros coletivos ocorrem no dispositivo e também nos territórios, de quinze em quinze dias. Quando no território, tentamos, por vezes, realizarmos os matriciamentos conjuntamente com as pessoas usuárias de nosso serviço. Apostamos no compartilhamento de afetos (SANTOS, 2023).