Resumo
No contexto da pandemia “Covid-19”, de isolamento e vulnerabilidade social, houve aumento de pessoas em situação de rua e abuso de SPAs em vários pontos da cidade, com predominância na Linha do Trem. Neste cenário de tensão social, a situação relatada foi reconhecida como um problema intersetorial e, por meio das Secretárias de Saúde, Assistência, Segurança e Obras, o governo propôs um Projeto de Intervenção Emergencial e de Redução de Danos. As ações intersetoriais foram marcantes para as equipes, pois inicialmente a ação ocorreu com choques e atritos entre as Secretarias envolvidas.
Vale ressaltar que, no primeiro dia de ação, a Segurança Pública encaminhou ao local várias viaturas da Guarda Municipal, cabendo à Saúde esclarecer que o objetivo era acolher, reconhecer a situação, agir na redução de danos e não realizar uma ação higienista. Durante as ações nos deparamos com pontos fortes e fracos. Os pontos fortes foram: integração intersetorial; novas possibilidades de oferta de cuidado para a população em situação de rua e/ou em uso de substâncias psicoativas; discussão de caso multiprofissional, principalmente de pessoas com várias recidivas de abandono de tratamento; avaliação de cada caso de forma singular; conhecimento e mapeamento dos locais frequentados por esta população. Pontos fracos: subfinanciamento na área de saúde mental, tempo insuficiente para escutas qualificadas e oferta de procedimentos.
A linha do trem, para muitos, não é só o fim de um caminho, mas o começo de uma luta. E quando conseguimos oferecer o olhar do Cuidado, há sempre uma possibilidade de mudança.
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