Resumo
Este trabalho surgiu a partir das experiências da equipe técnica (psicólogas e terapeuta ocupacional), equipe de enfermagem e equipe médica da enfermaria psiquiátrica de um Hospital Geral na região do Alto Tietê. Temos notícias de um paciente que está internado há 810 dias aguardando decisão judicial para uma vaga em residência inclusiva. Isso mesmo: 810 dias! As notícias do lado de cá revelam que a enfermaria psiquiátrica tem feito licenças terapêuticas onde atua como acompanhante terapêutico (AT): circulando pela cidade, mostrando espaços públicos que trabalham com garantia de direitos, mas principalmente fortalecendo este paciente/sujeito em seu desejo “Quero minha liberdade”.
Sabe-se que esta é uma prática muito mais de CAPS do que de uma enfermaria psiquiátrica, mas pensando neste paciente/sujeito e em seus direitos optou-se por esse Projeto Terapêutico Singular (PTS) após reunião de equipe. Tentou-se garantir que ele possa ir se apropriando dos espaços da cidade enquanto aguarda o acompanhamento na rede do município. Os dias de licença terapêutica são muito aguardados e ele sempre sai dizendo “Ah livre arbítrio. Eu gosto de vocês mas nada melhor do que a liberdade”, mostra-se interessado em andar, relembrar momentos em que andava sozinho e/ou acompanhado da mãe, conversa com pessoas e pede informações sempre com seu sorriso livre.
As notícias do lado de cá do front são de muita potência e afeto mas ainda precisamos garantir o que é rede, o que é cuidado em liberdade e acima de tudo lutar contra o “manicômio mental”. Seguimos em resistência.