Resumo
Os CAPS são dispositivos que funcionam segundo a lógica do território e são responsáveis pela organização da rede de atenção psicossocial (RAPS). O trabalho compartilha experiências do apoio matricial em parceria com as 34 equipes da atenção primária do município de Aquiraz, Ceará. Utilizamos o método da investigação Ação Participativa (IAPA) onde os profissionais e a comunidade, ao intervirem, devem ser vistos como interdependentes na mudança da lógica manicomial. A IAPA compreende as demandas e necessidades do território, pois o olhar sobre os desafios são formas de solucioná-los. Em fevereiro de 2022, as equipes da atenção primária em saúde foram convidadas a pensar como ocorre os modos de subjetivação dos transtornos mentais, situando-os no contexto dos determinantes sociais da saúde, que incluem fatores econômicos, culturais, étnicos, de raça e gênero, numa perspectiva de implantar as ações previstas na RAPS.
Como resultado iniciamos um mapeamento do território, no final do mesmo ano, com a realização de 41 oficinas em saúde mental, 01 conferência municipal de saúde mental, 11 interconsultas e campanhas educativas. Nos anos de 2023 e 2024 ampliamos as ações com autonomia de cada area de saúde e características territoriais. Defendemos que a IAPA, de acordo com as contribuições de Paulo Freire e Fals Borda, fazem parte de uma genealogia da decolonialidade na América Latina, que transforma e fortalece a RAPS de modo interseccional com foco nas pessoas e não só nas instituições, produzindo cidadania e fortalecendo a participação comunitária na promoção da vida e da saúde mental das populações.