Resumo
A ações colaborativas entre a rede intersetorial para atenção psicossocial de crianças e adolescentes em situação de rua se desenvolveram no território de um Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil (CAPSij) da cidade do Rio de Janeiro, envolvendo as equipes deste CAPSij e de outros dispositivos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), como atenção básica, assistência social e conselho tutelar. As “ações poprua”, como foram denominadas, consistiam em um trabalho semanal, conjunto, quando as equipes saíam para identificar as pessoas em situação de rua no território, (re)conhecê-las, construir vínculos e ofertar cuidado.
A rede que se formou realizava reuniões regulares para discutir casos e pactuar estratégias de ação. Construiu-se uma metodologia de trabalho que considerava as razões de cada pessoa para estar em situação de rua e buscava contemplar sua singularidade em termos de necessidades de cuidado. Neste processo, a rede se aproximou de uma família que, há pelo menos três gerações, vivia majoritariamente em situação de rua. Uma família negra, de base matriarcal, cujas adultas cuidadoras (avó e mães) eram analfabetas. Com uma direção ampliada, colaborativa e intersetorial de cuidado, junto dos demais equipamentos do SGDCA, o CAPSij pôde acompanhar e construir projetos terapêuticos (e de vida) singulares, tornando o serviço um ponto de acolhimento e confiança para cada criança, adolescente e suas mães.