Pensar e organizar uma educação crítica é levar em conta os múltiplos processos de aprendizado possíveis quando um tema interessa a um aluno. Isto, ultrapassa a ideia de apenas baixar, ler e assistir a tutoriais na Internet e de pensar a formação do indivíduo pela lógica e sob júdice do mercado. O mercado visa o lucro, tem clientes e escala; enquanto que, na educação e na formação crítica dos indivíduos, existem alunos e seus universos e a construção dos aprendizados. Para Sérgio Amadeu (UFABC), a lógica pedagógica da educação se perderá se a educação continuar sendo mercantilizada.
Um projeto desenvolvido na UFABC com alunos e pessoas interessadas, de diversas áreas, mostrou como é possível aprender junto uma vez que todos adotem uma ideia, tenham desejo ou uma necessidade de fazer algo em conjunto – mesmo estando fora da sua linha de atuação e pesquisa. Quando o interesse está completamente integrado à sua vontade: tudo pode ser aprendido, realizado e compartilhado. Apropriar-se do conhecimento para criar soluções é transformar a resistência em avanço, inovação e resultados. Tecnologias abertas, projetos construtivistas e conexões entre saberes e projetos, projetos e coletivos, para o professor Sérgio Amadeu, nos farão vencer as grandes corporações. A seguir, a entrevista:
Nos dias de hoje, acredita-se que o conhecimento deve fluir com mais velocidade para responder mais rapidamente aos problemas da sociedade e que ele não poderá mais ficar concentrado, no poder particular de instituições públicas e/ou privadas sem produzir mais conhecimento e sem permitir inovações em quaisquer áreas. Um exemplo disso, foi o caso da Epidemia da Zika que virou referencial para a abertura e compartilhamento de dados entre cientistas e centros de ciência com o propósito do combate a uma emergência de saúde pública nacional e internacional. Para Wagner Martins (Fiocruz) esse compartilhamento de dados e a rapidez que o problema exigia foi um passo exitoso na direção a ciência aberta no Brasil e mundo. Veja a entrevista a seguir:
Num espaço cibernético, de redes mais distribuídas, o conhecimento está polarizado, disperso e precisa ser utilizado para resolver problemas reais. Para que a articulação desse conhecimento seja feita e ainda aproveitarmos o nosso potencial intuitivo, mesmo com a pressão das forças produtivas e a entrada da inteligência artificial nos ambientes e processos de restauração da saúde: as escolas, desde a educação básica até a pós-graduação, devem mudar radicalmente. Neste vídeo, Wagner Martins (Fiocruz-Brasília) afirma que é preciso ensinar as pessoas a saber como aprender autonomamente.
Os debates sobre Recursos Educacionais Abertos – REA no Brasil e os compromissos do país com Governo Aberto dentro do MEC, já dão conta de exigir e pensar (em editais e grupos de trabalho, respectivamente) que as produções de conteúdo, os autores e as editoras adotem o licenciamento aberto de materiais didáticos na Educação Básica. De acordo com Tel Amiel, as discussões do papel das licenças abertas e dos REAs (inclusive, REAs Digitais) estão sendo ampliadas gradativamente nas instituições, principalmente a partir da Universidade Aberta do Brasil – com ênfase na abertura, no remix e nas práticas abertas. Veja a seguir:
Os Recursos Educacionais Abertos – REA são vistos como práticas participativas, mobilizadoras de recursos e que tem um papel fundamental de engajamento para o diálogo, a revisão e a crítica sobre os conhecimentos que permite um movimento progressista e progressivo grande. Tel Amiel, comenta que apenas o acesso e consumo de conteúdos não mobiliza, não engaja e não é construtivo do ponto de vista de que, aquilo que buscamos é a inovação e o engajamento real – o protagonismo social e profissional de educadores e alunos – e tudo de maneira sistêmica. As inciativas no Brasil ainda são pontuais, em projetos de sala de aula, mas os REA precisam ser e dar o movimento para repensar a educação de forma profunda.
Assista as mesas com diversos especialistas debatendo temas importantes no 1º Ciclo de Debates do Projeto Educação, Saúde e Tecnologias em Mar Aberto.