Proposto pela Escola Fiocruz de Governo (EFG), o Projeto “Saúde, Educação, Tecnologia e Mar Aberto” gerido pelo LEMTES-EFG surge com a proposta de fomentar diversas discussões. A iniciativa representa a tentativa de diálogo com saberes de diferentes campos. Discussões sobre Inteligência Coletiva, Educação Aberta, Democratização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), Saber Cognitivo e Ética Hacker.
Para iniciar o primeiro Ciclo de Debates foram convidados a compor a mesa de abertura o Vice-Diretor da Fiocruz Brasília Wagner Martins, a Diretora Executiva da EFG, Fabiana Damásio, e Fernanda Severo que é pesquisadora do LEMTES-EFG. Wagner chama atenção para a revolução tecnológica que está acontecendo e como o capitalismo mudou de face de trabalho braçal para trabalho cognitivo. Fabiana, por sua vez, explicita que o LEMTES tem o papel de discutir novas tecnologias, promover novos debates sobre o tema, já que estes podem ser transformadores de realidade, concluindo que a Educação em Saúde é o ponto inicial para essa transformação.
Em 1904, houve a publicação de um artigo extenso sobre a descoberta de uma partícula subatômica, o elétron. Este foi publicado por um único autor, em seu laboratório, sozinho. Nos anos 50, já se percebia artigos com 20, autores. Nos anos 80, artigos com centenas de autores. Em 2012, houve a descoberta do Bóson de Higgs, Prêmio Nobel daquele ano, e é interessante perceber que o artigo conta com 1.023 autores. Esse processo demonstra a importância da coletividade para a ciência, onde com a união de diversos cientistas, envoltos no mesmo propósito, possibilitam a construção de novas evidências. Essa quebra demonstra que a ciência se transformou para ter uma outra característica: ela passa a ser uma Ciência Colaborativa.
O Professor Ricardo Teixeira é médico de formação, vinculado ao Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com uma grande experiência em diversas áreas, entre elas a humanização. Ricardo demonstra como a Ciência Colaborativa se tornou importante para a sociedade ao longo dos anos. Além disso, chama atenção para outro conceito importante, a Inteligência Coletiva. Esta, por sua vez, aponta a necessidade de que a união da sociedade pode ser maior transformadora da realidade do que ações isoladas. Sob sua experiência, ele expõe sua vivência na Política Nacional de Humanização e na Rede Humaniza SUS.
O ato de trabalhar é extrair de si algo, uma ação, uma operação, é um ato de se induzir a agir. No campo da relação do trabalho coletivo, essa indução se dá sobre o outro, você induz outras pessoas a agirem. Esta ação, por sua vez, é involuntária, induzimos o trabalho no outro, sem nos darmos conta e esse ato também exerce novas ações sobre nós, e é assim que funcionam as relações de trabalho coletivo. Somos as relações que estamos construindo, como podemos nos relacionar conosco e com os outros.
O Professor Rogério Santos é vinculado à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – (PUC-SP), Coordenador do Programa de Pós-Graduação, Comunicação e Semiótica, vinculado ao Laboratório de Inteligência Coletiva. Abordou de forma inteligente, as relações criadas a partir das relações de trabalho coletivo. Explicitou também o Capital Social que, diferentemente do Capital Financeiro, é tudo que o indivíduo consegue criar de redes sociais, de networking. Explica também que, os networkings não estão disponíveis a qualquer momento ao indivíduo, deve-se trabalhar sobre ele a fim de criar essas redes. Além disso, abordou sobre as cidades inteligentes, criadas do zero, planejadas, baseadas na tecnologia e organização, que são pensadas para o coletivo, mas não para o indivíduo. Ao ignorar o comportamento individual, com suas relações e emoções, aplica-se a frase trazida por Rogério: cria-se a cidade inteligente, mas esquece-se de criar o ser humano que ali, viverá.
Como resultado das apresentações da primeira mesa, nesse vídeo são debatidos temas e perguntas trazidas pelo público presente.
A internet é conhecida como a rede das redes, embora conte com uma história recente, já tem uma grande trajetória na área da educação. Inicia-se nos anos 90, onde se tem a primeira aproximação, em 2000 já implantada começa a se tornar uma ferramenta mais utilizada, em 2010 já se consolida a sua expansão e uso. A partir de 2015, se tem a possibilidade de personalização, isto é, usá-la de maneira mais pessoal para cumprir com os objetivos de cada um, e é também onde demonstra a possibilidade de uso para potencializar políticas educativas no Brasil.
A profa. Vani Moreira Kenski é vinculada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e debateu sobre as mediações tecnologias e educacionais na era da comunicação em redes, demonstrando os caminhos a se seguir para consolidação do uso da internet em redes, para potencializar a aprendizagem. Baseada em um estudo, aponta sobre o futuro da educação mediada pelas tecnologias digitais, partindo da sala de aula, depois se introduz a gamificação e ação em grupo, posteriormente se tem a sala de aula digital para educação a distância, a desintermediação, depois vem a automação, e por último se cria um Studio Virtual-Físico onde se poderá aprender no momento que se quer utilizando elementos tecnológicos. Além disso discorre sobre a percepção de diversos autores sobre o aprendizado, que neste processo, o ator principal deve ser o aprendiz, além de levar em consideração que tipo de aprendizagem se deseja passar, como ele deve aprender e quais processos serão desenvolvidos.
Na era tecnológica atual, estamos imersos em sites, aplicativos e outras mídias que nos auxiliam no dia-a-dia. Pode ser a utilização do aplicativo Uber para se deslocar, ou o aplicativo Tinder para criar relações, ou qualquer outro feito para facilitar sua vida. É importante perceber, que todos esses aplicativos têm uma quantidade enorme dos seus dados e de milhares de outras pessoas. Questionar-se sobre a segurança e o uso desses dados é importante para respeitar sua privacidade e utilizá-los para pesquisas que, possivelmente, melhorarão a vida de todos.
Este assunto tem sido o tema de diversos estudos quantitativos e qualitativos e é um dos temas estudados pelo Prof. Fábio Luiz Malini, vinculado à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e pesquisador no Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (LABIC), que abordou de forma excelente a temática. Fábio tem uma vasta experiência na área no mapeamento de dados públicos nas redes sociais, visando mapear as perspectivas e prever ações. Trabalha com a análise dos seguintes núcleos: Persona pública, Redes, Termos, Imagens, Sentimentos e Conversações. Apresentou gráficos e imagens que ilustram bem a situação política e a relação entre diversos atores nas redes sociais.
Diversos especialistas foram convidados para falar de temas muito importantes no 1º Ciclo de Debates do Mar Aberto.