Resumo
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) se pautam em um modelo de cuidado de base territorial, alinhavado às estratégias de reabilitação psicossocial. Pensar o cuidado em CAPS demanda o exercício diário de modos de fazer que viabilizem a produção de vida e a reflexão sobre distintos fatores que se correlacionam à saúde mental, tais como discussões sobre gênero. Em Prudentópolis, o CAPS I atende atualmente 225 mulheres e, deste contingente, percebeu-se de forma prática o aumento expressivo da correlação entre adoecimento psíquico e violência de gênero.
A partir destas reflexões, surgiu a necessidade do espaço grupal no CAPS I voltado às mulheres com quadros de sofrimento psíquico grave, com objetivo de propiciar um espaço de fala e acolhimento. O grupo, realizado semanalmente, possui uma média de 10 participantes e é coordenado pela psicóloga da instituição. Nele, narrativas de violência doméstica, sobrecarga de afazeres domésticos e abdicação dos projetos pessoais são ainda muito presentes, despertando a necessidade de participação em eventos alusivos à temática, tais como a Conferência Municipal de Assistência Social e Cine Feminista, em Guarapuava. Os reflexos de uma sociedade misógina e desigual se entranham nos corpos destas mulheres, produzindo silenciamento e apagamento subjetivo.
Efeitos ainda mais devastadores são percebidos em mulheres cujo sofrimento psíquico deslegitimam suas vozes. A oficina da palavra surge então uma aposta na possibilidade de retificação, mudança e elaboração de discursos violentos que capturam mulheres. Aposta-se que a potência deste grupo seja um amplificador das vozes de cada vez mais mulheres.
