Resumo
Fundamentado na PNSI-LGBT (Portaria nº 2.836/2011), o Grupo DiversiCAPS inclui a população LGBTQIA+ em uso problemático de álcool e substâncias psicoativas (SPAs). Foi criado ao identificar que muitas destas pessoas não aderiam ao tratamento pelo público atendido ser composto majoritariamente por homens cis, heterossexuais, reprodutores de preconceitos. Estudos, como o da ONG Stonewall (2013), indicam que homens gays e bissexuais apresentam maior consumo de álcool e drogas comparando-se à população geral. Criou-se o grupo para acolher homens e mulheres cis, transgêneros e não bináries, gays, lésbicas, bissexuais e pansexuais, proporcionando um espaço inclusivo quanto à sexualidade, ao uso de SPAs e à redução de danos. Metodologia: A sexualidade é abordada compartilhando-se experiências sobre identidade de gênero, orientação sexual, discriminação e violência. As SPAs usadas incluem cocaína, álcool, maconha, metanfetamina e poppers (utilizados na prática de chemsex por aumentarem a sensação de prazer, embora dificultem a libido posteriormente).
Inicialmente, os participantes apontaram o uso de SPAs como uma resposta a conflitos de identidade, a preconceitos, à rejeição familiar e à prostituição. Foi observado que o acolhimento reduziu tal consumo, auxiliando a formação de vínculo, a identificação de pares, o retorno ao mercado de trabalho e a melhora de relações familiares e afetivas. Esta iniciativa resultou também em articulações com a Secretaria de Saúde do município (criados grupo de trabalho pela diversidade e grupos LGBTQIA+ em outros serviços de saúde), com o SUAS (participações nas oficinas de diversidade dos CRAS) e com o Consultório na Rua.