Resumo
Este trabalho aborda a experiência de implementação de um grupo de cultura afro-brasileira em um CAPSad III na Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Dentre os desafios que apresentam o serviço, se destaca o extenso perfil populacional majoritariamente composto por pessoas pretas e pardas, para o CAPS III e na modalidade AD com maior abrangência nesta Área Programática (AP).
Os usuários acompanhados neste serviço fazem uso intenso de substâncias psicoativas e são atravessadas por questões de vulnerabilidade social, raça, gênero e classe. O território da AP 3.3 movimenta produções de vida a partir da arte e cultura afro-brasileira e, ao mesmo tempo, sobrevive às realidades da violência armada. Nesse contexto, o grupo Aquilomba CAPX surge como possibilidade de aquilombamento a partir do encontro coletivo entre usuários e profissionais do CAPSad III Paulo da Portela, com objetivo de materializar no cotidiano do trabalho a promoção de tecnologias ancestrais de cuidado.
Com o corpo profissional e de usuários majoritariamente de pessoas negras, o grupo se propõe a racialização da clínica na atenção psicossocial a partir da realização de encontros que possam fomentar a troca de saberes, vivências, narrativas e afetos entre pessoas negras, com rodas de conversa, intervenções artísticas e culturais, acesso e permanência nos espaços e equipamentos de saúde, assistência e lazer dos usuários no território. O grupo Aquilomba CAPX vai na direção da construção de práticas radicalmente antirracistas nos serviços de saúde mental, no encontro com a promoção do cuidado efetivo à saúde mental da população negra.