Resumo
Escrever sobre Régis é poder falar sobre o encontro com o desejo, desejo de vida, de liberdade, de autonomia, de ser, de existir. Em 2018, quando ouvi pelas primeiras vezes comentários sobre Régis, era de um paciente psiquiátrico, curatelado pela avó, que nas relações se portava muito mal: briguento, não respeitava ninguém e se tornava por vezes inconveniente. A escuta qualificada e as visitas domiciliares foram fundamentais para entender Régis: o sonho interrompido, o desejo sufocado, a violência doméstica, sendo, portanto, refletidos em seu comportamento.
Foi ele quem em 2023 mobilizou diversos serviços como Polícia Militar, Defensoria Pública, Assistência Social, além dos serviços de saúde, os quais já fazia parte, para conquista de uma vida com dignidade. O vínculo construído com a RAPS e estes outros serviços e secretarias do município, possibilitou construir um PTS, no qual Régis se fez protagonista, permitindo-o finalmente utilizar agulha do desejo para tecer seu caminho.
Régis não é mais curatelado, reside sozinho e é quem administra sua vida. No momento, seu PTS envolve não apenas o CAPS, mas também a UBS e a Comunidade. Régis continua briguento, talvez ainda mais, pois aprendeu e teve seu desejo validado, desejo por justiça, dignidade, existência em plenitude. Tem se mostrado responsável com o cuidado de si, da sua casa, da sua vida financeira. Nas relações sociais não é diferente, mostra-se grato, entrega seu melhor, principalmente ao reconhecer a qualidade do amor que lhe é oferecido.
