Abordagem Socioinracionista

abril 21, 2020 15:42

Valéria Vernaschi Lima

Na abordagem sociointeracionista da educação, a combinação entre os elementos experiência, ambiente e capacidades individuais permite contemplar as diferentes maneiras de aprender e ampliar capacidades, a partir das interações do sujeito que aprende com o mundo (BECKER, 1993).

Um dos principais teóricos do sociointeracionismo, Lev Vygotsky, nascido em 1896 na Bielo Rússia, deu ênfase ao papel da escola e da interação com pessoas mais experientes na construção do conhecimento. Segundo Vygotsky (1998), a zona de desenvolvimento proximal – ZDP representa a distância entre as práticas que um sujeito já domina e aquelas que são produzidas e potencializadas por meio da interação com pessoas mais experientes ou fontes de informação. Essa interação possibilita que os
educandos resolvam problemas impossíveis de serem enfrentados unicamente com seus saberes prévios.

Considerando essas interações, a ciência opôs-se às explicações mágicas e às opiniões de senso comum, por meio da formulação de perguntas frente a um problema e da busca por evidências originadas pela testagem das hipóteses elaboradas. As perguntas questionam tanto o senso comum como as leis gerais que tendem a bloquear as novas ideias e explicações para os fenômenos observados. Dessa forma, a metodologia científica tem sido um potente método a favor da construção de novos saberes, por meio da
valorização da verificação, análise, síntese e validação (prova lógica) de sistemas explicativos (BACHELARD, 1996).

Esse movimento voltado à produção científica e reativo às explicações mágicas, míticas e religiosas para os fenômenos produziu importantes descobertas e uma excessiva fragmentação de campos, áreas e disciplinas do conhecimento. Embora com expressiva elucidação e progresso para as sociedades humanas, os atuais desafios da ciência e da aprendizagem estão no reconhecimento dos interesses que atuam nas produções científicas e na integração e articulação dos conhecimentos produzidos. Segundo Morin
(2002) a religação dos saberes e a ampliação da consciência ética na produção de novos conhecimentos deveriam estar nas prioridades das iniciativas educacionais voltadas à formação das novas gerações.

Em relação à abordagem sociointeracionista do processo ensino-aprendizagem, uma síntese com as principais e mais recentes descobertas em relação a como as pessoas aprendem pode ser encontrada na edição ampliada do livro produzido por Brandsford e colaboradores (2007). Neste trabalho estão compilados e comentados os avanços encontrados nas investigações sobre cérebro, mente, experiência e escola. Esses autores
destacam os papéis dos saberes prévios (aprendizagem significativa), do contexto, da emoção e das estratégias para aprender como elementos críticos do processo ensino aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. 9a ed. Rio de Janeiro: Contraponto; 1996.
BECKER, F. O que é construtivismo. Ideias. São Paulo: FDE, p.87-93, 1993.
BRANSFORD, J.D.; BROWN, A.L.; COCKING, R.R. (org) Como as pessoas aprendem: cérebro, mente, experiência e escolar. Editora Senac: São Paulo; 2007.

MORIN, E. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6a ed. São Paulo: Martins Fontes; 1998


Mar Aberto abril 21, 2020 15:42




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