A evolução das cidades, desde os primórdios (com suas estruturas básicas) até as cidades como “organismos” (que vão se complexificando de acordo com os sistemas de controle de informação e de comunicação que os indivíduos estabelecem entre si e o meio) são frutos das experiências e da inteligência coletiva que ali se consolida e evolui. O conjunto pessoas-cidades vai exigindo cada vez mais invenções para que haja uma dinâmica possível de vida naquele ambiente. E estas invenções vão sendo gestadas e preservadas em coletivos ao longo do tempo, numa representação do que é inteligência coletiva. Contudo, de acordo com Rogério Costa (PUC-SP): o limite está em ter um sistema de controle e funcionamento (que funciona) mas que, ainda assim, esse organismo não tem pensamento. Então para ele, as questões que ficam são: como se pode ter e entender uma cidade pensante? O que é isso, exatamente? Veja na entrevista a seguir:
Ao falar sobre a evolução das cidades e o modo de se viver no futuro deve-se pontuar e discutir questões para além dos fluxos de informações gerados pelas ações, serviços e interações digitais das pessoas – interações estas, passíveis de análises quantitativas por sistemas eletrônicos. Isto porque o homem não pode, mesmo com todas as tecnologias disponíveis, ser 100% chipado e ele se encontra vivendo nas megametrópoles, inadaptado e inconsciente do seu papel dentro desta complexidade. O ser humano que reage, que pensa, que se inventa e reinventa não cabe em caixas comerciais ou produtos específicos programados apenas pelo feedback eletrônico que oferece. Rogério Costa (PUC-SP) diz nesta entrevista que a ideia de uma sustentabilidade absoluta e perfeita para os espaços urbanos atuais não está nem perto de ser codificada.
O problema cultural que envolve a forma de fazer ciência, a maneira com a qual lidamos com os dados de pesquisa no Brasil e os caminhos que temos de trilhar para alcançar uma ciência aberta, transparente e passível de questionamentos: é a principal problemática dos dados abertos. Controversa ao pensamento vigente de propriedade e posse dos dados que as instituições e os próprios pesquisadores brasileiros imprimem sobre os dados abertos – mesmo esses dados tendo sido produzidos e financiados com recursos públicos – ainda é um tema que precisa de muito debate de acordo com Rodrigo Murtinho do ICICT. Veja no vídeo abaixo:
A regulação da política de acesso aberto possui desafios que incluem discussões sobre a dinâmica produtivista em ambientes culturalmente competitivos que engessam a produção e divulgação da ciência. A exemplo: a abordagem multifacetada dos diversos campos da ciência, o modus operandi das revistas científicas, a forma como o próprio pesquisador protege seus processos de pesquisa, os repositórios institucionais como bens públicos de acesso global da produção científica, técnica, artística, histórica e administrativa. A seguir, Rodrigo Murtinho (ICICT) cita alguns trabalhos na direção do distensionamento do debate da ciência aberta que foram apresentados na 8ª Conferência Luso-brasileira Acesso Aberto (CONFOA) – do acesso aberto à ciência aberta – realizada na Fiocruz-RJ.
O trabalho e a produção de saúde são fundamentados pelos relacionamentos e contatos estabelecidos nos encontros com as pessoas. E é, justamente, no sentido conversacional da produção da saúde que se encontra a inteligência coletiva. O compartilhamento e a colaboração dos indivíduos em suas pluralidades, diversidades constrói sinergias e pontes para a produção da saúde. Ricardo Teixeira (USP), lembra e destaca que isto ocorre não apenas nos encontros individuais ou clínicos entre médico-paciente, mas em outros espaços (não-tradicionais). Veja a seguir a entrevista:
A inteligência coletiva arrasta para o campo da saúde/produção da saúde: o diálogo interativo original para a construção de redes. E, para além da retórica do uso de ferramentas, sistemas ou instrumentos informacionais, que possibilitem a gestão ou controle das fontes de informação que baseiam, por exemplo, a elaboração de políticas públicas estão: os encontros, as trocas, o trabalho colaborativo nas comunidades. Esse olhar contém em si só a perspectiva da não verticalização ou hierarquização advinda de um “comando central” para que a organização e, também, da coordenação da produção da saúde se dê. A necessidade desta problematização, de acordo com Ricardo Teixeira (USP), possibilita novas perspectivas heurísticas, de colocação de novos problemas, da criação de soluções e identificação de potencialidades no desafio coletivo de produção de saúde.
Assista as mesas com diversos especialistas debatendo temas importantes no 1º Ciclo de Debates do Projeto Educação, Saúde e Tecnologias em Mar Aberto.