GALERIA DAS ENTREVISTAS DE 2017 - PARTE 2/4

A evolução das cidades, desde os primórdios (com suas estruturas básicas) até as cidades como “organismos” (que vão se complexificando de acordo com os sistemas de controle de informação e de comunicação que os indivíduos estabelecem entre si e o meio) são frutos das experiências e da inteligência coletiva que ali se consolida e evolui. O conjunto pessoas-cidades vai exigindo cada vez mais invenções para que haja uma dinâmica possível de vida naquele ambiente. E estas invenções vão sendo gestadas e preservadas em coletivos ao longo do tempo, numa representação do que é inteligência coletiva. Contudo, de acordo com Rogério Costa (PUC-SP): o limite está em ter um sistema de controle e funcionamento (que funciona) mas que, ainda assim, esse organismo não tem pensamento. Então para ele, as questões que ficam são: como se pode ter e entender uma cidade pensante? O que é isso, exatamente? Veja na entrevista a seguir:

Ao falar sobre a evolução das cidades e o modo de se viver no futuro deve-se pontuar e discutir questões para além dos fluxos de informações gerados pelas ações, serviços e interações digitais das pessoas – interações estas, passíveis de análises quantitativas por sistemas eletrônicos. Isto porque o homem não pode, mesmo com todas as tecnologias disponíveis, ser 100% chipado e ele se encontra vivendo nas megametrópoles, inadaptado e inconsciente do seu papel dentro desta complexidade. O ser humano que reage, que pensa, que se inventa e reinventa não cabe em caixas comerciais ou produtos específicos programados apenas pelo feedback eletrônico que oferece. Rogério Costa (PUC-SP) diz nesta entrevista que a ideia de uma sustentabilidade absoluta e perfeita para os espaços urbanos atuais não está nem perto de ser codificada.

O problema cultural que envolve a forma de fazer ciência, a maneira com a qual lidamos com os dados de pesquisa no Brasil e os caminhos que temos de trilhar para alcançar uma ciência aberta, transparente e passível de questionamentos: é a principal problemática dos dados abertos. Controversa ao pensamento vigente de propriedade e posse dos dados que as instituições e os próprios pesquisadores brasileiros imprimem sobre os dados abertos – mesmo esses dados tendo sido produzidos e financiados com recursos públicos – ainda é um tema que precisa de muito debate de acordo com Rodrigo Murtinho do ICICT. Veja no vídeo abaixo:

A regulação da política de acesso aberto possui desafios que incluem discussões sobre a dinâmica produtivista em ambientes culturalmente competitivos que engessam a produção e divulgação da ciência. A exemplo: a abordagem multifacetada dos diversos campos da ciência, o modus operandi das revistas científicas, a forma como o próprio pesquisador protege seus processos de pesquisa, os repositórios institucionais como bens públicos de acesso global da produção científica, técnica, artística, histórica e administrativa. A seguir, Rodrigo Murtinho (ICICT) cita alguns trabalhos na direção do distensionamento do debate da ciência aberta que foram apresentados na 8ª Conferência Luso-brasileira Acesso Aberto (CONFOA) – do acesso aberto à ciência aberta – realizada na Fiocruz-RJ.

O trabalho e a produção de saúde são fundamentados pelos relacionamentos e contatos estabelecidos nos encontros com as pessoas. E é, justamente, no sentido conversacional da produção da saúde que se encontra a inteligência coletiva. O compartilhamento e a colaboração dos indivíduos em suas pluralidades, diversidades constrói sinergias e pontes para a produção da saúde. Ricardo Teixeira (USP), lembra e destaca que isto ocorre não apenas nos encontros individuais ou clínicos entre médico-paciente, mas em outros espaços (não-tradicionais). Veja a seguir a entrevista:

A inteligência coletiva arrasta para o campo da saúde/produção da saúde: o diálogo interativo original para a construção de redes. E, para além da retórica do uso de ferramentas, sistemas ou instrumentos informacionais, que possibilitem a gestão ou controle das fontes de informação que baseiam, por exemplo, a elaboração de políticas públicas estão: os encontros, as trocas, o trabalho colaborativo nas comunidades. Esse olhar contém em si só a perspectiva da não verticalização ou hierarquização advinda de um “comando central” para que a organização e, também, da coordenação da produção da saúde se dê. A necessidade desta problematização, de acordo com Ricardo Teixeira (USP), possibilita novas perspectivas heurísticas, de colocação de novos problemas, da criação de soluções e identificação de potencialidades no desafio coletivo de produção de saúde.

Ciclo de Debates 2017

Assista as mesas com diversos especialistas debatendo temas importantes no 1º Ciclo de Debates do Projeto Educação, Saúde e Tecnologias em Mar Aberto.

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