Resumo
A Gestão Autônoma da Medicação (GAM) é uma proposta de compartilhamento de experiências acerca do uso de medicamentos que visa ampliar o poder de contratualidade e autonomia no cuidado, descentralizando o saber médico e contribuindo para que o sujeito seja protagonista de sua história. Num espaço de aprendizado, acolhimento e troca, questões estruturais como violências e opressões de gênero, raça, classe e território aliadas ao estigma da loucura perpassam os relatos dos participantes sobre sua história, dificuldades e sonhos. Singular e coletivo se misturam a todo o momento, sendo então autonomia vista aqui como um conceito inegociavelmente compartilhado. Cuidamos juntos.
Em Ouro Preto, a GAM teve seu início no CAPS II em 2019 com iniciativa da Terapeuta Ocupacional Suzana Gontijo. Desde então, já foram formados quatro turmas, onde pode-se perceber uma ampliação da autonomia dos participantes, que relataram maior diálogo com a equipe, possibilidade de questionamentos e ajustes. Enquanto grupo observou-se uma rede de vínculos e suporte mútuo para além do serviço. Compartilhamento de estratégias para lidar com as vozes, amizades e um novo olhar para o território. As participações nos “Fóruns GAM” possibilitaram a troca com outros usuários do Brasil, com destaque para o Fórum GAM: Raça e.Gênero (nov/2024), e o curso “Práticas em saúde mental” 2023, organizado pelo psicólogo Eduardo Caron (UFF). Atualmente os encontros acontecem dentro do CAPS II, semanalmente.
Com a máxima “Sou uma pessoa, não uma doença”, a GAM se sustenta enquanto dispositivo de combate às relações manicomiais e de assujeitamento dos usuários.