Resumo
As histórias em quadrinhos (HQs) trazem um convite visual, que se une aos aspectos comunicacional, criativo e lúdico, tornando-se instrumento importante de diálogo e intervenção terapêutica. Ao conjugar imagem a palavra, ampliamos o potencial comunicativo de ambas. Esse trabalho trata-se do relato de experiência da construção de uma revista em quadrinhos realizada no CAPSi Crescer de Manhuaçu-MG, que atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e/ou persistentes através da lógica da Clínica Ampliada, fundamentada nos princípios do SUS. Foi neste contexto que esse projeto surgiu, como proposta terapêutica de ressignificar o sofrimento mental, de explorar o potencial criativo e de possibilitar novas formas de cuidado em liberdade.
Justificado pela necessidade de ampliar a proposta de cuidado para além dos modelos tradicionais de tratamento, por meio do diálogo com outros campos do saber, como a Arteterapia. O projeto foi dividido em 4 etapas, envolvendo 8 adolescentes entre 12 e 17 anos. A construção coletiva da experiência aqui relatada, proporcionou ao grupo a construção do vínculo e apoio mútuo, o aprimoramento das habilidades artísticas, a descoberta de novos potenciais, assim como a ressignificação do próprio processo de adoecimento mental, nos auxilia a reduzir os estigmas, bem como catalisar o processo de reabilitação psicossocial e reinserção social a partir do excercício de cidadania, revelando-se um dispositivo inovador e complementar ao cuidado psicossocial, que permite a ampliação da comunicação, a criação de novas narrativas que estimulem a reflexão e discussão sobre as mais diversas temáticas e contextos que perpassam a saúde mental infantojuvenil.