O quadro teórico da aprendizagem colaborativa no contexto online: as bases para a colaboração na educação em saúde

janeiro 14, 2021 11:54

Pode-se dizer que a colaboração é hoje uma das principais preocupações da aprendizagem online, em especial, no âmbito da Educação Permanente em Saúde. Através dela as trocas de experiências entre os participantes potencializa, por meio do diálogo, a construção do conhecimento coletivo. No cerne deste debate estão questões complexas e o cruzamento dos campos da aprendizagem online e da educação em saúde. Por esse motivo, para atender aos objetivos da meta 3 é necessário sistematizar as discussões em torno da aprendizagem colaborativa na EAD em saúde, com a finalidade de levantar as experiências nacionais e internacionais, evidenciando perspectivas para a saúde. Assim, o objetivo deste e dos dois textos seguintes é apresentar os resultados de um estudo de revisão de literatura integrativa cujo embasamento teórico inicia-se de forma ampla, buscando um aprofundamento sobre o campo geral da aprendizagem colaborativa para aos poucos ir encontrando diálogo com a Educação, as Tecnologias de Informação e Comunicação, e por fim, com as experiências de colaboração na saúde.

Este primeiro post será dedicado a apresentar o embasamento teórico que serve de fundamentação para o segundo texto, com o propósito de explorar a metodologia adotada para a seleção e coleta das experiências. Assim, no último post, o estado da arte das experiências de colaboração na educação online em saúde serão alvo de uma análise aprofundada.

Em termos conceituais, a colaboração é vista como uma forma de trabalho coordenado, que envolve uma intenção de ação e uma meta comum partilhada e produzida por um coletivo. Contudo, embora o coletivo seja uma componente importante, é igualmente relevante a preservação de características individuais que fazem com que as trocas sejam mais produtivas no sentido na construção de um pensamento crítico. Desde esta ótica a aprendizagem colaborativa refere-se a processos de interação social em que os estudantes trabalham ativamente em conjunto com objetivos de aprendizagem compartilhada. 

A aprendizagem colaborativa, tendo como base a participação ativa dos membros do coletivo apresenta alguns elementos caracterizadores, segundo os autores apresentados no estudo. A abordagem colaborativa em um grupo, primeiramente, sugere um conjunto de competências relacionadas às capacidades de gestão de conflitos, negociação, exposição e discussão de ideias e posições de forma a dar voz à todos os envolvidos. Esta colaboração pode, deste modo se apresentar em diferentes  relações colaborativas quanto à divisão do trabalho, o estado colaborativo e aos objetivos educacionais propostos. 

Desta proposta de aprendizagem, são expostos alguns benefícios relacionados às melhorias no processo de aprendizagem, uma vez que ao valorizar as dinâmicas de interação social, por meio de comportamentos positivos, desenvolve-se também a qualidade do aprendizado, já que os participantes se co-responsabilizam pelos resultados das atividades. Deste modo, os processos de colaboração na aprendizagem apresentam-se como propostas mais democráticas através das quais promovem-se também valores como o respeito ao pensamento do outro, a superação das diferenças e a busca de resultados que possam beneficiar a todos. A aprendizagem colaborativa pode também ser percebida como um conjunto de produtos e processos, onde o primeiro enfatiza as ferramentas de trabalho colaborativo e o segundo à troca e à partilha entre participantes de um grupo. Desde este ponto de vista, as Tecnologias de Informação e Comunicação, por meio das tecnologias digitais, constituem-se como um novo espaço que convoca novas formas de aprendizagem e que carregam consigo outras vivências educativas, mais horizontais e dinâmicas .Assim, em comparação com as práticas pedagógicas do ensino tradicional, aquelas baseadas na colaboração possibilitam a expansão dos acessos, ampliando redes de interações com diversos atores. A grande diferença entre ambos modelos de ensino estaria nas possibilidades de ação na qual os objetivos e os problemas partilhados possibilitam a construção do conhecimento e da aprendizagem, como uma atividade coordenada que resulta em uma construção contínua baseada no diálogo. O estudo em questão propõe o seguinte quadro comparativo entre os dois modelos de ensino:

No que diz respeito ao contexto colaborativo online, o estudo destaca os Ambientes Virtuais de Aprendizagem. e a importância de se desenvolver metodologias e estratégias adequadas ao cenário colaborativo nestes ambientes. Isso implica o desenvolvimento de processos novos, conteúdos diferenciados, atividades e dinâmicas mais flexíveis e adaptáveis. Neste contexto, os papéis e funções dos sujeitos são redesenhados, uma vez que a participação ativa permite a todos os atores, estudantes e docentes, técnicos e gestores, profissionais e pesquisadores, construírem o percurso  educativo em conjunto.

Quando às ferramentas de comunicação e colaboração associadas a estes ambientes virtuais, o estudo aponta para uma necessidade de integração e convergência, promovendo um pensar crítico que avalie a adoção, a implantação e o seu uso efetivo para colaboração. No infográfico a seguir são apresentadas algumas das ferramentas usadas no contexto educativo e que trazem possibilidades para o processo de aprendizagem colaborativa. Dessa forma, ferramentas de aprendizagem como: blogs, wikis, chats, fóruns, editores colaborativos, laboratórios de avaliação, dentre outros, possibilitam e potencializam a construção dos conhecimentos através de um suporte colaborativo.

Ferramentas de comunicação que criam possibilidades para a aprendizagem colaborativa

Neste contexto, dos ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa, não somente as ferramentas, mas os professores e estudantes precisam estar preparados para lidar com mudanças sistêmicas, entre elas o papel de mediador ou facilitador que o professor passa a ter num contexto colaborativo e a corresponsabilização na produção do conhecimento, que é algo ainda novo para muitos estudantes.

Por fim, o embasamento teórico aponta para alguns desafios deste cenário colaborativo: suporte para uso de novas tecnologias, apoio da equipe pedagógica objetivando oferecer oportunidades para construção coletiva, abertura para interação social, software aberto e ações que possam guiar os aprendizes no processo de produção ao conhecimento aberto e desenvolvimento de habilidades tecnológicas. Há ainda, entre os obstáculos da aprendizagem colaborativa online, os aspectos culturais que podem afetar as dinâmicas de interação. Além disso um dos autores destacados no estudo aponta para necessidade de se considerar que nem todas as tentativas de se aprender colaborativamente serão bem sucedidas e os objetivos nem sempre serão alcançados diante de certas circunstâncias.

“Este é um texto de divulgação científica que adota uma estética jornalística. Foi editado e produzido por Juliana Vargas com o objetivo de divulgar uma pesquisa acadêmica realizada por Gleice Assunção da Silva com orientação de Francini Lube Guizardi, no âmbito do Projeto Avaliação e prospecção de tecnologias web para a Educação Permanente em Saúde”

 

 


joseema janeiro 14, 2021 11:54




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